terça-feira, 5 de agosto de 2014

Semana Farroupilha já tem sua poesia tema

A poesia “Noutros tempos”, de Otávio Geraldo Reichert, foi escolhida para ser a poesia tema da Semana Farroupilha, que acontece de 14 a 20 de setembro de 2014. Ao contrário dos anos anteriores - quando foram promovidos concursos para eleger a música tema – nesta edição, a Comissão Estadual dos Festejos Farroupilhas, na qual faz parte a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF), instituiu, em parceria com a Estância da Poesia Crioula, um concurso de poesias com a temática Eu Sou do Sul, em concordância com a música de mesmo nome, de autoria de Elton Saldanha.
“Noutros Tempos” venceu um concurso - com conotação gauchesca, nativista e tradicionalista - onde estavam inscritas 120 poesias enviadas de diversas regiões do Brasil. A iniciativa teve como objetivo integrar a comunidade ao movimento tradicionalista do Rio Grande do Sul, através do verso e abrir novos espaços para poetas.
Conheça a Poesia tema:
Por Otavio Reichert
NOUTROS TEMPOS
Noutros tempos… A história não se escrevia.
Em prosas se repetia perpassando gerações.
Grandiosas tribos, nações, na liberdade da pampa,
mateavam a verde estampa de geografias sulinas.
Corriam matas, campinas, vagueavam rios e oceano,
quando o estrangeiro aragano içou velas matutinas.
Noutros tempos… O tapuio surpreendido,
ouviu relinchos, mugidos, ecoando pelo varzedo.
Nas reduções, em segredo, índia e branco se espelharam.
Os jesuítas batizaram a china e mozo gaudério.
O sul se tornou império; a bombacha fez querência.
Gaúcho se fez essência com resquícios de mistério.
Noutros tempos… Foi cabaça e taquapi.
Do berçário Guarani foi herdado o chimarrão.
Costela em fogo de chão; o charque feito em varais.
Muitas vendas junto ao cais onde aportavam imigrantes.
Tropeiros e bandeirantes riscando o mapa da história.
Fez-se a linha divisória mesclando sangue e semblantes.
Noutros tempos… Fizeram revolução.
Firmeza e proposição estampadas na bandeira.
Criaram hino em trincheiras com horizontes de ternura.
Origens, lutas, cultura! As auras fortalecidas…
Fez mulheres aguerridas e homens de estirpe guapa.
Reminiscência farrapa repontando as nossas vidas.
Noutros tempos… Foi a bota de garrão.
Chiripá no cinturão respaldando a boleadeira.
O ponche, raiz campeira, que aparou golpes de faca.
O gaúcho crava estacas defendendo seu torrão.
Tem nas lides de galpão, nas prosas volteando o mate,
O legado dos embates falquejando a tradição.
Noutros tempos… Negrinho do pastoreio!
Quem do sul, ou faz rodeios, traz cambona na algibeira.
De primitiva e lindeira a pátria se fez retrato.
Chimangos e maragatos com seus tinos libertários.
Somos jovens legendários! Na Semana Farroupilha,
com viola que se dedilha, … Rio Grande refaz cenários.
Glossário: Mozo perdido e china: assim denominados os mamelucos – branco com índio.
Rejeitados nas tribos, procuraram espaços nas fazendas. Dele se origina o chiripá primitivo, primeira vestimenta do gaúcho.
Texto: Assessoria FIGTF
Postado por:Elisete Bohrer

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